Imagine que está numa festa infantil e várias crianças estão correndo de um lado ao outro, mas seu filho está em um canto em silêncio. Isso não quer dizer que ele esteja odiando a festa, mas, talvez, que seja uma criança tímida.
De maneira geral, a timidez revela um padrão de comportamento característico da falta de conexões interpessoais, tendência de fuga ou afastamento social. Crianças tímidas evitam contato visual, ficam quietas, mantêm o semblante fechado, entre outras características que representam medo, ansiedade e inibição.
Características de crianças tímidas
Antes de mais nada, é preciso identificar se está ou não diante de uma criança tímida. Alguns comportamentos são facilmente notados pelos pais e eles podem ser um sinal de alerta.
Observe se o seu filho (a) apresenta esses sintomas:
- Isolamento social;
- Dores frequentes de barriga e de cabeça;
- Desempenho escolar em queda;
- Dificuldades em fazer amiguinhos;
- Desinteresse em ir à escola;
- Muita dificuldade para expressar-se em público.
Caso perceba alguns desses, procure a escola do seu filho (a), explique toda a situação, para que, juntos, consigam tomar as melhores decisões, em prol da educação e do convívio social dessa criança.
O papel da escola e do educador quando o assunto é uma criança tímida
As escolas têm uma importante participação nesse assunto. Os pais e os professores devem analisar até que ponto essa timidez não está atrapalhando o desenvolvimento social da criança. Uma boa solução é tentar fazer com que essa criança interaja com os seus colegas, mas isso deve ser feito com bastante cautela e naturalidade, sem pressão e sem comparações e falas que deixem a criança ainda mais acanhada.
O educador precisa de apoio dos pais, pois, entendendo o perfil da criança, fica mais fácil inserir atividades, conversas, brincadeiras, tudo voltado à socialização dessa criança. Esse conjunto de ações poderá contribuir para sua aprendizagem. É uma tarefa que deve ser realizada e pensada em conjunto. Família e escola devem estar alinhadas quanto ao que fazer e ao que não fazer.
As escolas devem fazer com que os seus alunos se sintam seguros em sala de aula. Essa segurança ajudará, não somente no aprendizado, mas também no desenvolvimento como pessoa. A criança, com o tempo, vai adquirindo mais autonomia e liberdade.
Assim, sabendo que a relação família-escola precisa ser a melhor possível, trouxemos algumas dicas para lidar com crianças tímidas e ajudá-las no cotidiano. Confira!
Tenha paciência no dia a dia
A calma é o princípio para se ter um diálogo aberto e sincero com uma criança tímida, afinal, qualquer pressão exercida pelos adultos pode deixar os pequenos ainda mais introspectivos, com receio de interagirem. Saiba conversar e compreender o momento dos seus filhos, pois isso será importante para construir uma relação à base de confiança.
Entenda que você é de uma geração totalmente diferente, por isso, não é pelo fato de que a sua criação foi de uma forma que, necessariamente, funcionará com as crianças de agora. O mundo e as pessoas mudam o tempo todo, então, aceite que algumas crianças passam por isso e saiba, aos poucos, prepará-las para os desafios da vida.
Mude sua forma de agir⠀
Se em alguma situação você encontrou alguém do seu círculo de amizade e a criança ao seu lado não quis cumprimentar, evite expressões do tipo “para com essa timidez”, “o gato comeu sua língua?” ou “responde! Parece que veio do mato!” Comportamentos assim não impulsionam as crianças tímidas a conversarem, pelo contrário, reforçam algo negativo e isso só agrava o medo de falarem.
Jamais inferiorize a criança, portanto, busque formas com as quais seja reforçado o empoderamento infantil, a fim de que ela reconheça que tem uma certa independência e que não é ruim ficar quieta quando não se sente à vontade. Ao evitar julgamentos e comparações desnecessárias, você contribui para minimizar a timidez.⠀
Preste atenção à criança⠀
Muitos adultos ficam se perguntando “onde eu errei?” ou “por que meu filho é assim?” quando notam comportamentos diferentes do que esperavam, não é mesmo? Há pais, por exemplo, que não suportam ver a criança no celular e acham que agindo de forma autoritária a situação mudará. No entanto, a comunicação vai muito além da linguagem verbal, e a corporal também precisa ser considerada.
De acordo com o psicólogo Sérgio Senna do Instituto Brasileiro de Linguagem Corporal (IBRALC), toda emoção é composta de três elementos básicos: microexpressões, hábitos comportamentais e a experiência vivida. Sendo assim, preste atenção aos pequenos sinais emitidos não apenas verbalmente pela criança, tais como cabeça baixa, ombros tensos, mãos à frente do rosto etc.
Estimule atividades sociais⠀
Para que a criança tímida possa se soltar, é preciso estimular esse hábito com paciência, seguindo o fluxo natural do desenvolvimento cognitivo dela. A prática de esportes, por exemplo, pode ser uma saída interessante para os pequenos começarem a entender questões como o trabalho em grupo, o exercício da liderança, a necessidade de se comunicarem para conquistar algo e assim por diante.
Um curso de teatro também é uma ótima forma de as crianças se sentirem mais desinibidas, especialmente pelo fato de lidarem com profissionais capazes de enxergar diversas emoções. Além disso, no ambiente escolar, dialogue com os professores para saber se a escola investe em projetos em grupo ou lida com novas tecnologias, pois isso favorece aspectos relevantes de autoestima nas crianças.
Valorize cada conquista alcançada por uma criança tímida
Outra importante dica: sempre comemore e valorize os avanços da criança. Os adultos têm a mania de focarem, tão somente, no lado negativo do processo. Comece a entender que o tempo está a favor de vocês. Sempre que perceber que a criança teve um avanço, valorize, incentive e elogie! E se sentir segurança, converse com ela sobre algumas situações, o motivo que a deixou tímida, mais quieta. Essa pode ser uma forma da criança começar a expor seus medos e seus incômodos.
Não force e não exponha a criança tímida
Uma última dica, não menos importante: não tente forçar a criança tímida a fazer coisas que ela não queria realizar naquele momento. O efeito pode ser oposto ao desejado. Prefira sempre atitudes a longo prazo.
A escola, os professores, precisam ter muito cuidado para não exporem essa criança tímida aos demais colegas, sem avisá-la de que fará isso. Por exemplo, ao fazer uma dinâmica em grupo, caso seja necessário falar algo para todos, é preciso ter cautela. Explicar a essa criança como será a brincadeira, antes mesmo dela começar, pode ajudá-la no seu momento de falar. Surpresas não são bem-vindas, nesses casos.
Um ponto importante, é que as escolas precisam entender que é necessário investir na capacitação e na qualificação dos seus profissionais para lidarem com crianças tímidas.
Por fim, é de suma importância frisar que uma criança tímida não é inferior às outras, mas que precisa de cuidado, atenção, carinho e reforços positivos para que entenda todas as possibilidades que uma boa comunicação pode proporcionar.
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